A PrEP é distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – Foto: Divulgação | Secretaria de Saúde de Contagem
Estado conta com 39 unidades dispensadoras do medicamento, entre elas 7 estão na capital baiana.
O número de usuários da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), uma medicação preventiva contra o HIV, aumentou significativamente no Brasil, passando de cerca de 50 mil pessoas em 2022 para 107.795 em 2023, segundo o Painel PrEP do Ministério da Saúde. Essa alta expressiva reflete o avanço na conscientização e adesão a estratégias de prevenção do HIV, disponibilizadas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A PrEP é uma medida preventiva que envolve o uso contínuo de medicamentos antirretrovirais antes da exposição ao vírus HIV. O tratamento funciona como uma “barreira química” no organismo, reduzindo a probabilidade de infecção mesmo em situações de contato de risco. “A medicação circula no corpo e impede a replicação do vírus nas células, evitando que ele se integre ao DNA humano”, explica o infectologista Antônio Carlos Bandeira, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia. A PrEP faz parte de um esforço global para reduzir em 90% as novas infecções por HIV, conforme diretrizes de saúde pública.
Na Bahia, o uso da PrEP também registrou um aumento notável. De acordo com o Portal da PrEP, o estado contabiliza atualmente 3.642 usuários, quase o dobro em relação ao ano anterior, quando o número era de aproximadamente 2 mil. A Bahia conta com 39 unidades de saúde que oferecem a medicação, destacando o empenho do SUS em ampliar o acesso à prevenção do HIV.
O perfil dos usuários na Bahia é majoritariamente composto por homens gays e bissexuais cisgêneros, que representam 84,5% do total. A distribuição étnica revela que 45% se identificam como pardos, 31% como pretos e 23% como brancos ou amarelos. A maior parte dos usuários se encontra nas faixas etárias de 25 a 29 anos e de 30 a 39 anos, mostrando uma adesão crescente entre jovens adultos.
Cícero Proença, um homem trans e estudante de Salvador, compartilhou sua experiência com a PrEP. Ele decidiu iniciar o tratamento após vivenciar uma situação de abuso sexual, na qual seu parceiro se recusou a usar preservativo. “Foi um momento em que percebi que não dá para confiar apenas na escolha do outro, então decidi me proteger de forma adicional”, relatou Cícero. Ele optou pela PrEP injetável, que é aplicada a cada dois meses, e relatou que a descoberta da medicação veio através de amigos gays e bissexuais que já faziam uso dela. “Entendi que meu corpo também poderia se beneficiar dessa proteção”, acrescentou.
Em Salvador, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), há 1.796 usuários de PrEP atendidos em cinco unidades municipais. Além dessas, a capital baiana conta com duas unidades estaduais que também disponibilizam a medicação. O crescimento no número de usuários e a ampliação dos pontos de distribuição indicam um esforço contínuo das autoridades de saúde para promover a prevenção do HIV e reduzir as novas infecções na população de risco. fonte: A Tarde