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O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, declarou nesta terça-feira (29), durante audiência na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados, que não tinha conhecimento da real dimensão das fraudes que vinham ocorrendo dentro do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo ele, embora soubesse de denúncias esporádicas, foi “surpreendido” com a estrutura organizada do esquema que desviava recursos de aposentados e pensionistas por meio de descontos indevidos em seus benefícios.
“Eu praticamente fui surpreendido com o volume disso. Eu sabia que tinha uma denúncia aqui, outra acolá. A gente sempre soube, não vamos fingir… o 135 denunciava isso, a gente recebia queixa, a própria plataforma do INSS aparecia com algumas pessoas denunciando. Agora nesse quantitativo, com uma organização, com uma quadrilha verdadeira, eu tomei conhecimento agora e isso não pode continuar”, afirmou Lupi a jornalistas após a audiência.
A fala do ministro ocorre na esteira da operação deflagrada recentemente pela Polícia Federal, que investiga o envolvimento de entidades conveniadas ao INSS em um esquema de apropriação indevida de parte dos valores pagos aos beneficiários. De acordo com a PF, muitas dessas instituições funcionavam de forma fraudulenta, registradas em nome de “laranjas” e operando com aparente legalidade.
O escândalo começou a ganhar visibilidade pública em dezembro de 2023, após uma série de reportagens denunciar um crescimento anormal no faturamento de determinadas entidades com descontos nos contracheques de segurados. Levantamentos obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação revelaram que 29 dessas instituições passaram a arrecadar juntas cerca de R$ 250 milhões por mês — um salto significativo em relação aos R$ 85 milhões registrados anteriormente — totalizando cerca de R$ 2 bilhões ao ano. Mesmo assim, essas entidades já acumulavam cerca de 62 mil ações judiciais movidas por beneficiários que alegavam cobranças irregulares.
Diante da gravidade do caso, Carlos Lupi garantiu que novas medidas serão adotadas para reforçar a fiscalização dentro do INSS e impedir que irregularidades como essas voltem a se repetir. “Vamos intensificar os mecanismos de controle e revisar convênios. Isso é uma afronta aos direitos dos segurados e não será tolerado”, assegurou. fonte: Informe baiano