CBF pagou mais de R$ 2 milhões a Coronel Nunes após sua saída do cargo, aponta reportagem

Os pagamentos mensais de R$ 100 mil ao ex-presidente interino da CBF teriam ocorrido em troca de um acordo para manter Ednaldo no cargo  |    Joédson Alves / Agência Brasil

Mesmo afastado oficialmente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) desde agosto de 2021, o ex-presidente interino Antônio Carlos Nunes de Lima, conhecido como Coronel Nunes, teria recebido cerca de R$ 2,35 milhões da entidade entre 2022 e 2024. A informação é da Folha de S.Paulo, que aponta pagamentos mensais na casa dos R$ 100 mil, mesmo após o dirigente não exercer mais nenhuma função oficial na confederação.

Segundo a publicação, os repasses foram feitos sob a rubrica de “honorários” — com valores líquidos de aproximadamente R$ 72 mil após descontos — e aparecem em registros do sistema interno da própria CBF. Os depósitos ocorreram entre 2022 e 2023 (totalizando R$ 1,2 milhão) e continuaram ao longo de 2024, somando mais R$ 1,15 milhão.

A CBF se manifestou por meio de nota enviada por sua assessoria de comunicação, afirmando que todos os pagamentos são feitos conforme o estatuto da entidade e apresentados em auditorias. No entanto, não esclareceu por que os repasses a Coronel Nunes continuaram mesmo após sua saída dos quadros da confederação, nem se ainda estão em curso.

O nome de Nunes voltou aos holofotes também por sua participação em um acordo celebrado em janeiro deste ano, que teve papel central na permanência do atual presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, no comando da entidade até 2026. O documento foi assinado também por outros influentes dirigentes do futebol brasileiro, como Fernando Sarney, Rogério Caboclo, Castellar Neto, Gustavo Feijó e a Federação Mineira de Futebol. A negociação reconheceu a validade de duas assembleias realizadas em 2022 que alteraram o estatuto da entidade e garantiram a eleição de Ednaldo — reeleito posteriormente com previsão de mandato até 2030.

Um detalhe controverso do acordo envolve o dirigente Gustavo Feijó, que recebeu R$ 2,5 milhões da CBF em maio de 2024, no mesmo dia em que desistiu de questionar judicialmente a eleição de Ednaldo. Segundo as partes, o pagamento estaria relacionado a um acerto em processos judiciais movidos por Feijó contra a confederação em Alagoas, embora a Revista Piauí, que revelou a informação, afirme não ter obtido comprovação da homologação desse acordo.

Outro ponto que levanta questionamentos é a participação do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na homologação do acordo. Desde 2023, o IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa), fundado por Mendes, mantém parceria com a CBF para ministrar cursos por meio da CBF Academy — uma conexão vista com reservas por especialistas e envolvidos na disputa jurídica. fonte: Bocão News

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