Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
A Polícia Federal deflagrou na quarta-feira (23/04) a Operação Sem Desconto, que investiga um esquema bilionário de fraudes em descontos indevidos aplicados sobre benefícios pagos pelo INSS. Entre as entidades alvo da ação está o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), cuja vice-presidência é ocupada por José Ferreira da Silva, o “Frei Chico”, irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A operação conta com apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e revelou que, desde 2016, foram retidos R$ 7,99 bilhões de forma considerada irregular. Segundo a PF, os valores eram descontados diretamente da folha de pagamento de aposentados e pensionistas sem autorização clara ou sequer conhecimento dos beneficiários. A prática envolvia, ao menos, 11 organizações com acordos junto ao INSS.
Frei Chico afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que assumiu a função na diretoria do Sindnapi “há pouco tempo” e defendeu que “a PF apure todas as irregularidades”. A entidade, que possui sede em São Paulo e mais de 350 mil filiados, emitiu duas notas públicas: uma em apoio à investigação e outra em defesa de Frei Chico, exaltando sua trajetória no sindicalismo desde os anos 1960.
O presidente do Sindnapi, Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como Milton Cavalo, também se pronunciou dizendo desconhecer os motivos que levaram a entidade a ser incluída na investigação. “Não houve qualquer tipo de apreensão”, disse ele, alegando ainda que a sede do sindicato não foi alvo de busca e que todas as entidades com acordo técnico com o INSS estão sendo apuradas.
Durante a operação, foram cumpridos mandados em 14 estados e no Distrito Federal. A PF apreendeu carros de luxo, joias, obras de arte e grandes quantias em dinheiro. Além do Sindnapi, outras entidades mencionadas na investigação são: Contag, Ambec, Conafer, AAPB, AAPPS Universo, Unaspub, APDAP Prev (ex-Acolher), ABCB/Amar Brasil, CAAP e AAPEN (ex-ABSP).
O então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi demitido do cargo. A decisão teria partido diretamente do presidente Lula. Um policial federal também foi retirado das funções.
De acordo com o ministro da CGU, Vinicius de Carvalho, 1.300 aposentados foram ouvidos. “Em geral, eles não identificaram a solicitação pelo benefício — não autorizaram — ou disseram acreditar que seria um desconto obrigatório”, explicou.
As investigações continuam para identificar os responsáveis e recuperar os valores desviados. fonte: Agência Brasil / IB