PF indicia 27 por desvio de R$ 40 mi da Saúde em cinco cidades de SP

OS fechou contratos de mais de R$ 300 milhões com Embu das Artes, Itapecerica da Serra, Hortolândia, São Vicente e Cajamar.

A Polícia Federal indiciou 27 investigados no âmbito da Operação Contágio, apuração que mirou desvio de recursos da Saúde por uma organização social que fechou contratos de mais de R$ 300 milhões com os municípios paulistas de Embu das Artes, Itapecerica da Serra, Hortolândia, São Vicente e Cajamar. Os investigadores estimam que mais de R$ 40 milhões tenham sido desviados pelo esquema.

A corporação imputa aos investigados os crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos, superfaturamento em fornecimento de medicamentos, fraude em licitação e uso de documento falso.

Dois indiciados estão presos preventivamente por ordem do Tribunal Regional Federal da 3ª Região e dois médicos são considerados foragidos, diz a PF.

O relatório final do caso, de mais de 200 páginas, detalhou os passos da investigação, que durou quase dois anos, ouviu mais de 40 pessoas e contou com duas etapas ostensivas — realizadas em abril e maio, com cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão.

Durante as diligências, a PF apreendeu mais de R$ 700 mil em espécie em endereços ligados aos investigados, sendo que boa parte do dinheiro foi encontrada em “um escritório bunker da própria OS”.

Além disso, a corporação confiscou uma lancha e diversos veículos de luxo. A Justiça Federal determinou o sequestro de imóveis localizados em condomínios fechados de alto padrão na região metropolitana de São Paulo e em uma praia de Ubatuba, no litoral paulista.

A conclusão das investigações da Operação Contágio representa um ponto importante da meta traçada pelo delegado Rodrigo Bartolamei, superintendente regional da PF em São Paulo. Desde que assumiu o cargo, em abril passado, Bartolamei tem reiterado a orientação a seus pares para sufocar organizações do crime não apenas por meio de prisões, mas também pelo confisco de bens e ativos.

A PF diz que a OS sob suspeita foi constituída “com documentos fraudulentos que permitiram que ela fosse contratada por diversos municípios”. Seu presidente era um jovem veterinário de 28 anos, mas, segundo os investigadores, a empresa era efetivamente controlada por diversos médicos.

“Os integrantes da organização criminosa levavam vida luxuosa com os valores desviados da saúde pública e ostentavam suas mansões, carros esportivos, lancha, armas e pilhas de dinheiro em fotos e vídeos encontrados pela Polícia Federal. Um dos relógios apreendidos vale cerca de R$ 90 mil”, destacou a corporação.

Ainda de acordo com os investigadores, os integrantes da OS citada sacaram cerca de R$ 20 milhões em espécie com a escolta armada de um guarda civil municipal e sua mulher. Um dos saques foi acompanhado pela PF, que observou o guarda esperar dentro do veículo enquanto sua mulher entrava em uma agência bancária de São Roque, no interior paulista. Após o saque, ela se dirigiu a outro veículo, que foi seguido por seu marido, diz a PF.

A corporação diz ter observado que grande quantidade de valores foi transferida para outras empresas controladas pelo grupo investigado. Os investigadores afirmam ainda que o inquérito verificou que “uma grande reforma na residência de um casal de médicos era paga com o dinheiro desviado”. O imóvel está avaliado em mais de R$ 5 milhões e foi adquirido em maio. R7

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