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A ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, desembarcou em Brasília ao meio-dia desta quarta-feira (16), em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), após receber asilo político do governo brasileiro. A informação foi confirmada pelo Itamaraty à agência Sputnik Brasil.
Nadine, esposa do ex-presidente peruano Ollanta Humala, deixou a embaixada do Brasil em Lima acompanhada de seu filho menor, Samin Mallko Ollanta Humala Heredia. Ambos foram autorizados a deixar o país por meio de um salvo-conduto concedido pelo governo da presidente peruana Dina Boluarte, em cumprimento à Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954, da qual Brasil e Peru são signatários.
O casal Humala foi condenado a 15 anos de prisão por envolvimento em um esquema de corrupção ligado à construtora brasileira Odebrecht. A Justiça do Peru concluiu que ambos receberam aproximadamente US$ 3 milhões para financiar as campanhas eleitorais de 2006 e 2011. Segundo a acusação, Nadine Heredia teve papel ativo na estrutura do Partido Nacionalista, atuando na arrecadação de fundos e na gestão política durante o governo de seu marido. Ela, no entanto, nega qualquer envolvimento em atividades ilícitas.
A ex-primeira-dama não compareceu ao julgamento e se refugiou na embaixada brasileira logo após a sentença ser proferida pela Terceira Vara Colegiada do Tribunal Superior Nacional do Peru. Seu irmão, Ilán Heredia, também foi condenado a 12 anos de prisão no mesmo processo. Além das penas, Ollanta Humala foi multado em 10 milhões de soles (cerca de R$ 13 milhões).
O escândalo da Odebrecht no Peru atingiu várias figuras de alto escalão da política nacional. Entre os implicados estão os ex-presidentes Alejandro Toledo, condenado a 20 anos de prisão; Pedro Pablo Kuczynski, que cumpre prisão domiciliar; e Alan García, que cometeu suicídio em 2019 quando a polícia foi prendê-lo. A líder da oposição, Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, também foi presa em investigações ligadas ao caso, embora a decisão tenha sido posteriormente anulada pela Justiça.
Agora no Brasil, Nadine Heredia aguarda os próximos passos do processo em condição de asilada política, enquanto o episódio adiciona mais um capítulo à já extensa lista de líderes peruanos envolvidos em escândalos de corrupção. fonte: Sputnik Brasil